sábado, 30 de agosto de 2008

Menos, menos - Histórias da Drieli - Parte I

Depois da minha aparição pela primeira vez, aqui, na Terra, do meu trauma pós-parto, eu fico tentando entender que tipo de criança eu fui.
Na realidade, até uns 9/10 anos de idade eu fui uma criança bem sozinha. A minha vida se resumia a criar roupas, móveis, disposições, cortes (para bonecas), colocar minha cachorrinha dentro da minha casa de bonecas, na cama da boneca e dizer "olha, ela cabe!".
Brincar de cozinheira na cozinha e destruir grãos de arroz, feijão e ervilha seca.
Brincar de médica e deixar a minha boneca com o corpo verde de tantas aplicações diárias de injeções.
Vestir as roupas e sapatos da minha bizavó.
Jogar os perfumes do meu pai e da minha mãe na privada e substituir por água com detergente.
Fazer uma pequena "arte" no azulejo com Merthiolate.
Brincar com as louças de trocentos anos da minha biza e fazer com que ela participasse do "chá".
Correr da minha mãe quando ela começava a cantar "Doce Vampiro" da Rita Lee.
Brigar com a biza para assistir Jaspion.
Fazer minha avó ficar até de madrugada comigo assistindo filmes de terror.
Dormir com uma ursa centenária no pescoço com medo do Drácula vir me pegar a noite (a estratégia era: eu colocava o urso no cangote, quando ele viesse me morder, eu ia sentir o urso saindo, aí ia gritar e acordar minha avó e ela iria bater nele).
Ficar olhando para a porta do quarto imaginando que qualquer hora ia sair um monstro feio de lá só para me assustar.
Escorregar nos cuspes da minha biza que ela achava que ninguém via.
Fingir na escola que estava passando mal só para voltar para casa e brincar.
Aprender a cantar as músicas do Queen.
Ser sempre a bruxa da brincadeira.
Chorar por ter que sair do Ballet.
Fazer minha própria maquiagem nas festas de Halloween do inglês - algumas delas consistiam em farinha e creme.
Colocar fogo na sala por achar que a lareira da Barbie tinha que ser de verdade.
Sempre acompanhar a Avó.
Esperar a mãe chegar do trabalho.
Assistir TV Cultura.
Achar que ia ser alguma coisa quando crescesse.
Brincar de cantar bem - mas, acho que no final das contas meu forte era mesmo ser "Atora".
Claro, neste meio tempo, quando arrumei meus amigos de rua, promovia exposições de desenhos colados no barbante, festas temáticas, peças de teatro que eu dirigia/atuava, danças e puladas de elástico.
E foi assim...

Um comentário:

Denise disse...

que menina lindinha devia ser a drieli criança. pena que não a conheci nessa época.

beijão.