sábado, 30 de agosto de 2008

Menos, menos - Histórias da Drieli - Parte I

Depois da minha aparição pela primeira vez, aqui, na Terra, do meu trauma pós-parto, eu fico tentando entender que tipo de criança eu fui.
Na realidade, até uns 9/10 anos de idade eu fui uma criança bem sozinha. A minha vida se resumia a criar roupas, móveis, disposições, cortes (para bonecas), colocar minha cachorrinha dentro da minha casa de bonecas, na cama da boneca e dizer "olha, ela cabe!".
Brincar de cozinheira na cozinha e destruir grãos de arroz, feijão e ervilha seca.
Brincar de médica e deixar a minha boneca com o corpo verde de tantas aplicações diárias de injeções.
Vestir as roupas e sapatos da minha bizavó.
Jogar os perfumes do meu pai e da minha mãe na privada e substituir por água com detergente.
Fazer uma pequena "arte" no azulejo com Merthiolate.
Brincar com as louças de trocentos anos da minha biza e fazer com que ela participasse do "chá".
Correr da minha mãe quando ela começava a cantar "Doce Vampiro" da Rita Lee.
Brigar com a biza para assistir Jaspion.
Fazer minha avó ficar até de madrugada comigo assistindo filmes de terror.
Dormir com uma ursa centenária no pescoço com medo do Drácula vir me pegar a noite (a estratégia era: eu colocava o urso no cangote, quando ele viesse me morder, eu ia sentir o urso saindo, aí ia gritar e acordar minha avó e ela iria bater nele).
Ficar olhando para a porta do quarto imaginando que qualquer hora ia sair um monstro feio de lá só para me assustar.
Escorregar nos cuspes da minha biza que ela achava que ninguém via.
Fingir na escola que estava passando mal só para voltar para casa e brincar.
Aprender a cantar as músicas do Queen.
Ser sempre a bruxa da brincadeira.
Chorar por ter que sair do Ballet.
Fazer minha própria maquiagem nas festas de Halloween do inglês - algumas delas consistiam em farinha e creme.
Colocar fogo na sala por achar que a lareira da Barbie tinha que ser de verdade.
Sempre acompanhar a Avó.
Esperar a mãe chegar do trabalho.
Assistir TV Cultura.
Achar que ia ser alguma coisa quando crescesse.
Brincar de cantar bem - mas, acho que no final das contas meu forte era mesmo ser "Atora".
Claro, neste meio tempo, quando arrumei meus amigos de rua, promovia exposições de desenhos colados no barbante, festas temáticas, peças de teatro que eu dirigia/atuava, danças e puladas de elástico.
E foi assim...

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

EXTRA!

Extra! Extra!

Notícias do dia:

Não tem mais quarteto/quinteto/sexteto de cordas;
Não tem mais aulas teóricas nem de instrumento;
Cubatão se foi.

A sensação, aliás, a leve sensação de atravessar o mar e morrer na praia. (peixinho-peixinho)
O meu desanimo estampado na cara, recheado de todas as palavras que eu não disse, de todas as risadas que eu não dei, de toda a ausência em plena sala de aula.

- Hoje eu não vivi, apenas coloquei uma perna na frente da outra.

Pequeno ou não, a sensação atual é de perder um membro: uma mão... um braço...
Dá para viver sem, mas você não poderá mais se sentir completo.

Mais uma vez só para constar que TODA decisão que tomamos na vida nos dá também conseqüências. Infelizmente eu não percebi as minhas durante um mês. Ou felizmente... Quem sabe? Essas coisas acontecem rápido comigo... Rápido demais. É mais que comprovação de que felicidade não é um estado - é só um momento.

Morri.

domingo, 24 de agosto de 2008

Dona Baratinha

Dona Baratinha foi varrer a casa e achou um tostão.
Na mesma hora, desatou o avental, lavou o rosto, passou pó-de-arroz nas faces, e foi fazer compras. Com o tostão achado comprou móveis, para mobiliar a casa inteira, uma geladeira, um aparelho de televisão, tapetes e cortinas, vestidos e mais vestidos, sapatos caros e enfeites. Comprou jóias e espelhos de cristal. Comprou petiscos muito gostosos e fez um sortimento de doces que é coisa de que barata gosta muito.
O troco pôs numa caixinha forrada de cetim vermelho, chaveou-a, amarrou um laço de fita nos cabelos e foi muito lampeira para a janela apreciar o movimento e arranjar um casório, uma vez que tinha dote.
"Quem quer casar com dona Baratinha,
Tão bonitinha
Que tem dinheiro na caixinha?"perguntou ela com a voz mais docinha do mundo.
Passou o boi.
- Eu quero – mugiu.
E ela:
- E como é que você muge de noite?
E o boi:
- Assim: béééééééé! – abriu o focinho num berro de doer os ouvidos.
Dona Baratinha correu assustada para dentro. Lá cheirou o frasquinho de sais, e depois bem calma, voltou para a janela. O boi estava esperando a resposta.
- Ah! – Dona Baratinha se abanava toda afobadinha. – Não quero me casar com você, não. Você me assusta.
O boi foi embora, e ela fincou os cotovelos na janela outra vez, esperando que passasse outro moço bonito.
Passou o burro.
"Quem quer casar com dona Baratinha,
Tão bonitinha
Que tem dinheiro na caixinha?"
Ciciou a mocinha casadoira, esfregando de leve uma asa na outra.
O burro deu um zurro de abalar a casa:
- Eu quero.
- Mas é assim que você zurra de noite? – perguntou a dona Baratinha, ainda toda trêmula do susto.
- Ah! – o burro deu um risadão. – De noite eu canto com voz muito mais forte. – E deu outro zurro, de arrebentar os tímpanos.
- Deus me livre de casar com você, burro. Você não me deixaria dormir.
O burro foi embora e a dona Baratinha se encostou outra vez romanticamente no peitoril da janela. Ora ajeitava a fita no cabelo, ora suspirava.
Passou o cavalo.
"Quem quer casar com dona Baratinha,
Tão bonitinha
Que tem dinheiro na caixinha?"
- Eu quero – relinchou o cavalo, mostrando todos os dentes, de satisfação.
- Como é que você faz, de noite?
- Eu, minha flor, cantarei de amor tão fortemente...
- Mas como?
- Assim: inoch! inoch! inoch! inoch! inoch!
- Ai! Chega! – gritou dona Baratinha tampando as mimosas orelhinhas. – Chega! Eu não me caso com cavalo de jeito nenhum. Você não me deixaria dormir direito.
O cavalo foi embora, dona Baratinha ajeitou os cotovelos em cima de uma almofada, prevendo que a espera seria longa.
Passou o cachorro.
"Quem quer casar com dona Baratinha,
Tão bonitinha
Que tem dinheiro na caixinha?"Falou a moça, muito assanhadinha, vendo-o bonitão, de pêlo lustroso, orelhas em pé, passo ligeiro.
- Eu quero. – O cachorro latiu um consentimento rápido.
- Como é que você faz de noite, cachorrinho?
- Depende.- De quê?- Se estou alegre é assim: au! au! au!. Se estou triste ou doente, é assim: Uaaaauauuuu! – E o cachorro uivou, de focinho para cima, caprichando nos bemóis.
- Ui! Ai! Aiaiaiai! Não me faça chorar! Você não me serve. Tanto a sua alegria como a sua tristeza me incomodam.
Dona Baratinha suspirou um pouco, pois fazia tanto tempo que estava na janela e ainda não tinha encontrado noivo que servisse.
Passou o gato.
Que belo bichano, de pelagem de seda, cinzento, macio, cara redonda, boquinha cor-de-rosa, bigodes eriçados, orelhas recortadas em triângulo isósceles.
O coração de dona Baratinha palpitava mais apressado quando ela cantou em voz emocionada, desta vez:
"Quem quer casar com dona Baratinha,
Tão bonitinha
Que tem dinheiro na caixinha?"
- Eu quero – ronronou o gato, no fundo da garganta, numa doçura de voz.
- Você ronrona assim, de noite, gatinho?
- De noite? – O gato fez um floreio com a cauda.
– Não. De noite, subo ao telhado. Sou namorado da lua. E deliro miando assim: miaaau! miau! miiiiaaaau!
Dona Baratinha suspirou.
- Que pena! Você não me serve não. Não me deixaria dormir. Que pena!
Passou o bode.
"Quem quer casar com dona Baratinha,
Tão bonitinha
Que tem dinheiro na caixinha?"
O bode berrou, muito azoretado:
- Eu quero.
- Quer, coisa nenhuma! – respondeu logo dona Baratinha.
– Você é muito sem modos, malcheiroso, barulhento. Com esse berro tremido vai me incomodar de noite.
Passou o galo.
De crista e esporão. De barbela vermelha. Asas douradas, rabo empenachado.
Bonito de se ver como um mosqueteiro do rei da França.
- Como eu gostaria que esse fosse o meu noivo – pensou dona Baratinha.
E com voz muito esperançada:
"Quem quer casar com dona Baratinha,
Tão bonitinha
Que tem dinheiro na caixinha?"
- Eu quero – cocoricou o galo, riscando o chão com a aguda espora.
- Você canta de noite?
- Se canto! – blasonou ele, e a barbela ficou mais vermelha de orgulho.
– Se canto! Começo à meia-noite e vou madrugada afora, cocoricóóóóóóó’!
Dona Baratinha virou a carinha bonita para o outro lado.
- Não serve! Vá andando!E assim passaram o carneiro, o macaco, a onça, a anta, a capivara, o gambá, muitos e muitos bichos, de casa e do mato, nenhum servia, porque iria incomodar o soninho leve de dona Baratinha.
Já bem tarde, quando as luzes da cidade se acenderam, passou um camundongo, quietinho, sorrateiro, dando corridinhas e paradinhas. Espiando matreiro para todos os lados. Correndo outra vez, os olhinhos espertos saltando daqui para ali.
Dona Baratinha parou a espiar os seus inquietos manejos, divertida com o bichinho, e quase se esquecia de perguntar. Lembrou-se em tempo, quando o camundongo já ia longe:
"Quem quer casar com dona Baratinha,
Tão bonitinha
Que tem dinheiro na caixinha?"
- Eu quero – guinchou o ratinho, tão baixo que quase não se ouvia.
- O que é, ratinho? Você quer?
- Quero.
- Como é que você faz de noite?
O ratinho guinchou:- Coin, coin, coin.
- Assim baixinho? – perguntou dona Baratinha, encantada.
– Então serve. Você não me acorda com esse barulhinho. Como é o seu nome?
O ratinho empolou bem o peito e falou:- Dom Ratão.
Deu outra corridinha, para longe, para perto.
Ficaram noivos.
No dia do casamento preparava-se uma festa de arromba. O troco do tostão dava para tudo. Mataram frangos, não sei quantos, leitões, bois, e fizeram doces e mais doces.
- Sabe do que eu mais gosto, Baratinha? – perguntou o noivo, no seu guincho macio.
- Do quê?- De toicinho cozido no feijão.
E então dona Baratinha deu ordem para que se fizesse uma caldeirada de feijão com torresmo, bem temperado.
O perfume da panela, logo pela manhã, recendia pela casa toda. Dom Ratão chegou, eram umas dez horas, muito chibante, de casaca e cartola, luvas brancas, bengala de castão dourado, calças listradas. Parecia o presidente da República em dia de recepção no palácio. Mas qualquer coisa o inquietava. Farejava, erguendo o focinho fino, dava corridinhas mais do que de costume.
- Está nervoso, querido?
- Estou.
Na hora da saída, desceu na frente dona Baratinha, arrastando a cauda do vestido de cetim, e o comprido véu de tule pela escadaria.
O noivo veio a passo, atrás.
A noiva já tinha entrado no automóvel, quando dom Ratão fez cara de contrariedade:
- Que maçada!
- Que foi?
- Esqueci o relógio lá em cima.
- Vou mandar alguém buscar.
- Não. Só eu sei onde o deixei. Espere um minuto.
Deu uma corridinha até o meio da escada, voltou, avisou:
- Um minutinho. Eu já venho.
Outra corridinha para cima. E a noiva ficou esperando.Passou meia hora, dom Ratão não voltou. No relógio da sala soaram as onze. Dom Ratão não voltava. Chegou o meio-dia. Não voltara dom Ratão.
- Fugiu – gemia dona Baratinha inconsolável. – Não gosta mais de mim. Fingiu que ia buscar o relógio e fugiu para não casar. – Subiu novamente a escadaria arrastando o vestido de cauda e o véu.
Por muito que fosse o desconsolo, não era caso para se fazer jejum por isso.
- Afinal, não se perdeu grande coisa – comentou uma empregada.
É melhor pôr o almoço.
E lá se foram todos para a mesa.
Mas então é que foi uma dor.
Ao mexerem o caldeirão de feijão encontraram o coitado do noivo, morto, cozido, misturado com os torresmos.
Que horror!
Dona Baratinha, depois de clamar que "Dom Ratão, coitado, era tão bom, eu sabia que ele gostava de mim, aconteceu, coitado!, de ir provar um torresmo e cair no caldeirão, podia ter pedido, a gente fazia um pratinho para ele, não quis me desgostar, coitado! tão delicado" – teve um chilique e foi um alvoroço monstro em casa de dona Baratinha, tão bonitinha.
Pois dom Ratão tinha morrido no caldeirão de feijão cozido, por causa de um pedaço apetitoso de toicinho.
Dona Baratinha pôs o luto, trancou todas as portas, e chorou tanto que lavou a casa com lágrimas. A cozinheira de dona Baratinha pegou o pote e foi buscar água no rio. Encheu a vasilha, mas em vez de ir para casa, começou a se lastimar:
- Como é triste esta vida. Dom Ratão morreu. Dona Baratinha, tão bonitinha, está de luto. E eu, por isso, quebro o pote.
Pam!
Bateu o pote numa pedra e foi-se embora.
O rio ouviu tudo aquilo, encolheu-se e resolveu:
- Eu também seco.
Os bois vieram à tarde, nem sombra viram de água.
- Que é isso, rio? Que aconteceu?- Dom Ratão morreu, cozido na panela de feijão com toicinho. Dona Baratinha pôs luto, a cozinheira quebrou o pote, e eu também sequei.
- Que horror!
Os dois abanaram a cabeçorra, melancólicos e declararam:
- Então nós derrubamos os chifres.
Foram pastar.
O campo, quando viu os bois mochos, muito sem graça, pastando, se espantou:
- Que foi isso? Que fizeram vocês dos chifres?
- Você então não soube da grande desgraça?
- Não.
- Pois dom Ratão morreu cozido, dona Baratinha pôs luto, a cozinheira quebrou o pote, o rio secou e nós derrubamos os chifres.
- Que tristeza! Eu também vou secar.
De verdinho que estava, o campo ficou todo amarelado.
Bem no meio dele estava um laranjeira e quando ela viu aquilo perguntou:
- Que é isso, campo? O que lhe deu? Está se sentindo mal?
- Não, dona Laranjeira. Eu estava muito bem até. Amarelei foi de desgosto. Não vê que dom Ratão morreu cozido na panela de feijão com toicinho, dona Baratinha pôs luto, a cozinheira quebrou o pote, o rio secou, os bois derrubaram os chifres e eu também sequei?
A laranjeira derramou uma lágrima e disse:
- Então, eu derrubo as folhas.
Choveram folhas no chão.
Os passarinhos que moravam nela, quando voltaram do trabalho à tarde, encontraram os ninhos expostos ao vento, ao sol e à chuva, na árvore nua.
- Que foi isso, dona Árvore, o que aconteceu que esta pensão está sem telhado?
- Vocês que andam voando por aí não souberam da desgraça?
- Não, senhora.
- Pois dom Ratão morreu, dona Baratinha pôs luto, a cozinheira quebrou o pote, o rio secou, os boi derrubaram os chifres, amarelou o campo e eu também derrubei as folhas.
Os passarinhos choraram, choraram.
- Que tristeza! Pois, de dó, nós também derrubaremos as penas.
E lá se foram eles, peladinhos, tremendo de frio, pelo campo, e andando em vez de voar, pois não tinham penas nem as asas.
O céu espiou aquele disparate, lá de cima, e estranhou:
- Ave Maria! Que mundo louco! O que será que deu naqueles passarinhos que perderam até a roupa?
Os passarinhos contaram:- O senhor não sabe da grande desgraça?
- Não sei.
- Dom Ratão morreu cozido, dona Baratinha pôs luto, a cozinheira quebrou o pote, o rio secou, os bois derrubaram os chifres, o campo amarelou, a laranjeira ficou sem folhas, nós também nos depenamos.
- Que calamidade!
O céu se franziu numa carranca medonha. Começou a trovejar e a ventar. E depois urrou, com um vozeirão arrepiante:
- Pois então eu também vou despencar daqui de cima.
E desabou em cima da terra, no meio da tempestade mais horrorosa que já houve.

E foi assim que o mundo, certa vez, se acabou, só porque dom Ratão, que ia se casar com dona Baratinha, tão bonitinha, morreu cozido no feijão.

(GUIMARÃES, Ruth. Lendas e fábulas do Brasil)

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Pseudo-mini-férias para eu e o Cello.

Dei cano em todas as coisas que tinha que fazer hoje: aula teórica, faculdade, aula de filosofia e de desenho - nada tão preocupante assim.
Pelo menos consegui estudar o que tinha planejado, fazer uns gracejos e ainda ver uma amiga minha que anda contando uma lendária história sobre "voltar para o Rio" - é, o de Janeiro, mesmo.

Mas não adianta. O acontecimento do dia se precipitou para um pouco mais cedo.
Não - o onibus não quebrou outra vez (hoje não teve onibus algum), mas sim uma bela de uma bronca que ganhei desta minha amiga.

Esta bronca, nada mais do que bem-vinda é um dos assuntos suficientes para eu calar a boca e concordar com tudo de errado que eu ando fazendo nesses tempos.
Eu ando cansada, físicamente e também emocionalmente. Eu tenho uma grande mania de atropelar acontecimentos e deixar para sofrer mais tarde, quando as coisas estiverem mais "calmas" ou algo do tipo. O que acontece com isso é que difícilmente você se recupera de determinadas situações, ou, se não der chance não se recupera.
Eu sei que o que tudo isso resultou foi uma tremenda angústia e uma cabeça extremamente longe, daquelas de ter que repetir exercícios dos quais você poderia tocar só de lembrar umas 5/6 vezes.
O pior de tudo é que eu não sei nem para quem pedir desculpas. É impressionante a minha falta de fé nessas coisas, nessas situações - principalmente.
Antigamente eu fugia, de tudo. Acho que agora melhorei um pouco nessa parte do "tudo", mas continuo fugindo e encontrando todos os caminhos possíveis para tentar escapar e me culpar por tudo depois.
Eu estou quase vivendo uma experiência de quase-morte por continuar alimentando esse tipo de situação na minha vida (sim, eu fui ameaçada)

Nem "achar" algo eu estou achando mais.

Cabeça cansada e instinto de gato arisco dá nisso.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Bem cansada. Mas existem coisas que nós não podemos deixar em branco:

- O mal jeito no meu 4º dedo, digamos assim, não me rendeu felicidades hoje, MAS, por outro lado soube que existe gente que não sabe piscar rápido e que "quase-em-breve-estarei-tocando-em-campinas-que-divertido";
- Ter ganhado um presente lindo, repentinamente, assim, esperando o onibus - de alguém querido, este presente do qual vai virar uma bela figura na minha parede direita;
- Voltar de onibus, torta, cansada, mas animada;
- Comer maçã (isso ajuda a alma, incrível, maçã faz pensar...)
- Escutar pela segunda vez a Beatriz contando a história dos Santistas que se ajoelharam em frente à catedral de Notre Dame, lá no "França", na década de 50.
- Entre relatos de ponto de onibus, de intervalos de ensaio, voltas para casa depois da faculdade, conversas por telefone, conversas escritas, eu só sei responder que: "não sei bem direito até onde eu fui, só posso afirmar que em todo momento foi sincero" - Isso realmente vale para muita coisa, aqui, do presente - incluindo o meu companheirinho.
"Lá vai ela e seu companheirinho..."

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Terrorismo Psicológico:

- Isa, nós vamos morrer, sabia?
- Mentira.
- É sério. Sabia que tem um asteróide que vai cair na Terra e matar todo mundo em 2019?
- Pára, Drieli, você tá mentindo... Vou falar para a Mãe.
- É sério, Isa, óh, vou te mostrar...
(GOOGLE)
- Ah... Eu não quero morrer...
- Droga, ele foi parar na lista de menores riscos da NASA. Isa, ninguém vai morrer mais. Saco. Hmm... Vou apavorar a mãe.


Agora, eis a questão: qual seria a primeira coisa que "você" - no caso, eu - faria quando descobrisse a data da sua morte (e que ela se aproxima) ?

?

han, han?

[No próximo capítulo de "Neura eterna de uma mente sem noção..."]

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Contraste Harmonia

Instabilidade Equilíbrio
Assimetria Simetria
Irregularidade Regularidade
Complexidade Simplicidade
Fragmentação Unidade
Profusão Economia
Exagero Minimização
Espontaneidade Previsibilidade
Atividade Estase
Ousadia Sutileza
Ênfase Neutralidade
Transparência Opacidade
Variação Estabilidade
Distorção Exatidão
Profundidade Planura
Justaposição Singularidade
Acaso Seqüencialidade
Agudeza Difusão
Episodicidade Repetição

Bergson define a arte como "visão direta da realidade".

Dondis - Sintaxe da Linguagem Visual.

Coisas das quais eu preciso fazer:

- Escalas;
- BiProfenid 150mg - para não andar que nem pato eternamente;
- Energia;
- Aprender a abduzir pessoas;
- Parar de abraçar travesseiros, também;
- Tempo;
- Praia, sorvetes e conversas de Domingo.
- Desenhos - uns 6, e apontá-los devidamente, por favor.

Medos atuais:
- Andar que nem pato;
- E... ah... (hehehe)

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Somente pequenas perguntas...



A merda toda é que o mundo é individualista? Correto.

A merda toda é porque todo mundo é egoísta e só sabe falar dos próprios problemas, enquanto isso você sabe que na esquina da tua casa vai ter uma criança deitada num papelão durante o seu pensamento pessimista debaixo de várias cobertas quentes? Correto.

É mais fácil e cômodo reclamar do que ir fazer alguma coisa, é bonito reclamar sobre o aquecimento global, mas eu não vejo pessoas por aqui fazendo trabalho de conscientização, também vejo raramente alguém inventar qualquer coisa que seja para alimentar quem necessita e vestir quem passa frio. Engraçado que isso só acontece em determinadas épocas.

Então quer dizer que essas pessoas, essas pessoas necessitadas de uma roupa e de um alimento só comem em Dezembro ou em Julho? Ainda sem resposta.

Alguém pára a porra do tempo em que fica pensando nas suas merdinhas egoístas do tipo "o que vou fazer para comprar aquela calça ou 'fulano não gosta de mim, e agora?' " para ir doar sangue, ou visitar algum abrigo para crianças ou idosos, ou até mesmo tentar participar de algum voluntariado e acrescentar na vida de alguém? Não vi até hoje.

O que é o seu cansaço, comparado ao cansaço de um senhor que tem que carregar uma carroça imensa cheia de papelões para vender e tentar um troco para o pão, enquanto você chega em casa e tem comida saíndo para fora do armário?

Aonde é que mora o amor pelos "bichinhos", pelos animais, que se hoje em dia o que nós mais vemos por aí é cachorro de rua maltratado (não esquecendo dos gatos) e passamos sem nem fixar o olhar, como se aquilo fosse normal? Não sei aonde mora a normalidade, ainda estou procurando.

E o que dizer à respeito dos índios, que estão perdendo a sua cultura, sendo obrigados a sair da sua aldeia para viver num sistema capitalista onde visívelmente ninguém sem dinheiro tem vez, e nem ao menos são incentivados à um grau de alfabetização e estão por aí caindo de tanto beber, alguém nota isso quando diz que o país é ruim? Também não sei responder essa.

Reclamam da saúde, da educação, da segurança, mas alguém hoje em dia respeita esses profissionais? Alguém remunera adequadamente um policial que sobe o morro propenso a tomar um tiro na testa? Alguém remunera adequadamente um professor que dedica a vida para tentar formar uma sociedade melhor? Alguém remunera aquele profissional da saúde, que lida com a vida e a morte todos os dias? . . .


Enquanto isso a gente senta, escuta uma musiquinha, bebe uma cerveja, reclama da vida boa que a gente tem e fala que quer fazer a diferença.

domingo, 3 de agosto de 2008

O gosto do café está bem melhor hoje. Porque será? Não tem nada de diferente...
Talvez seja eu.

Depois do episódio de ontem "Fazendo da Jaca a minha Pantufa - Episódio III - Patinando no vinho", eu acordei com a sensação de "anh?" e tive que ser convidada à ter um despertar mental pela Queridíssima.

Ganhei um brinquedo da Mansão Foster, quero um amigo imaginário - aliás, acho que já encontrei um (mas o Augusto é o autêntico, sempre), consegui apanhar de uma torta de maçã.

Noite passada tive um sonho com vááários vestidos. Esquisito.
Descobri por aí que sonhar com vestidos significa felicidade próxima... essas coisas bacanas que eles falam por aí. Eu achei interessante - e só.
Ok. Um momento feliz que se aproxima, pode até ser... Mas felicidade não, definitivamente não acredito.
Primeiro - não existe felicidade, digo, o ESTADO felicidade. Não existem pessoas integralmente felizes por aí, se alguém chegar para você e dizer "eu sou feliz" não acredite.
Segundo - O que poderia ser possível é o MOMENTO feliz, aliás, ele é completamente possível. Têm pessoas que ficam felizes com coisas idiotas : sessão de plásticos coloridos, crianças, músicas, cama com lençol verde, pensar nas inúmeras coisas legais que você gostaria de fazer por aí, pensar em pessoas que te fazem bem, lembrar da Vó, brincar com o cachorro, desejar um gato, esperar por um pato e se apaixonar por um jabuti - claro, e a ambição maior - comprar um piano e dançar tango (e que da próxima vez não seja com o cachorro)