terça-feira, 18 de março de 2008

O chá do "não-vou-amar-de-manhã"

Funciona da seguinte maneira:

Você pensa em todas as decepções amorosas que teve desde criança, todas cronometricamente lembradas.

Vejamos.

Quando eu estava no pré tinha um garoto que gostava de mim. Nós tomamos inalação juntos, mas não passou disso e algumas brincadeiras com os carrinhos dele.
Primeira série - Tinha um garoto no colégio chamado João. Ele era mais velho, estava na quarta série. Lindinho. Filho de uma professora. Claro, como sempre eu nunca falei com o menino.
[bloqueio das séries seguintes]
Quinta série - Fiquei apaixonada por um cara esquisito de cabelo comprido e pentelho. Claro, não falava com ele. Segue-se o fato por... 5 anos.
Sexta série - Nas brincadeiras da rua eu conheci um garoto que brincava de esconde-esconde com a gente. Ele tinha um apelido bizarro na escola. Foi o primeiro beijo que eu dei, brincando de esconde-esconde e claro, uma super-mega-ultra decepção depois.
Sétima série - Não lembro de nada marcante nessa época.
Oitava série - Ah, segue ainda o fato da quinta série.

Primeiro colegial - Aí tem diferença. O fato da quinta série vira quase que um constante problema, afinal eu não era nada comunicativa nessa questão. Eis que, bela tarde eu conheci um cara que tocava guitarra. E ele era legal. Ainda é.
Segundo colegial - É, chegando na metade do ensino médio eu devo confessar que houveram algumas zicas amorosas. O cara da guitarra ainda era legal, mas não fazia mais tanta diferença. Aí apareceu o cara do Baixo. E ainda tem a segunda parte do cara do Baixo. Aguarde.
Terceiro colegial - É quase um retorno do Jason. Quando você pensa que as pessoas morreram ou algo do tipo... Elas voltam. E voltou. O cara da guitarra voltou e o cara da quinta série também.
O cara da guitarra me causou muitos problemas, mas também me causou várias felicidades.
O cara da quinta série, finalmente, conseguimos conversar, ou quase isso.

Depois disso, apareceram algumas pessoas estranhas por aí, um cara da língua presa e dos olhos mais bonitos que eu já vi.
O cara mais doce e inocente que eu conheci no colégio que roubava flores pra me fazer feliz de madrugada.
Um outro por aí que tinha cara de mal, mas tentava agradar de alguma forma.
O baixista que não é mais baixista, que roubava meu violoncelo, ficava bravo comigo, que olhava pra mim do jeito mais especial possível e que tinha o ombro perfeito para se deitar e dormir.
O cara complexo das duas visitas, da história, da tatuagem, do violoncelo.

[depois de todo esse relato, você pára, pensa, e vê que tudo isso não faz mais sentido, que mais nada disso existe, toma um chá e finge que não existe amor]

Faça isso todos os dias. Sem intervalos. Durante meses.

Funciona.

Eu tento.

Um comentário:

didi disse...

consegui e to apavorada
aaaaahhhhhhhh